sexta-feira, 25 de maio de 2012

Desenvolvimento Moral

 



John Q
Realizador: Nick Cassavetes
Actores: Denzel Washington; Robert Duvall; Anne Heche
Música: Aaron Zigman
Duração: 116 min.
Ano: 2002




O filho de uma família negra norte-americana adoece gravemente e é levado de urgência para um hospital, por acaso, privado. O pai do rapaz está à beira do desemprego e o seu seguro não chega para pagar as elevadas despesas. A vida do filho corre perigo. Numa cena fria e crua, assistimos à conversa dos pais com os médicos e os responsáveis do hospital, onde se revela que o factor decisivo para a permanência do rapaz no hospital são os números e os interesses económicos. O tempo passa e o doente vai piorando. Numa medida desesperada, o pai assalta o hospital. Faz alguns reféns e exige que o tratamento do filho seja garantido. A partir daqui a história ganha um novo fôlego. Os meios de comunicação social noticiam o facto e criam opinião pública. As histórias pessoais dos reféns ilustram diferentes “modelos” de vida, em que uns apoiam o pai e compreendem o seu drama, enquanto que outros pensam exclusivamente em si, procurando escapar e alcançar a glória de aparecer na TV como corajosos heróis. Também entre as forças de segurança há quem só pense no êxito da sua carreira profissional e quem actue com prudência, tomando decisões sem se deixar levar pela procura imediata do sucesso. Os responsáveis do hospital hesitam entre ceder ou manter a sua decisão. Num acto de desespero, o pai chega mesmo a pensar acabar com a sua própria vida para que os médicos removessem o seu coração e o dessem ao seu filho. Um filme que, no final, deixa ainda bastantes questões que ficam em aberto…



Na nossa opinião, a personagem principal (o pai) agiu contra a lei, contudo pensamos que actuou da melhor forma pois contrariou a lei para salvar uma vida.
Pesa também o facto de ao princípio a personagem do filme vender todos os seus móveis da casa para juntar dinheiro suficiente para a operação do filho. Depois de juntar uma boa parte, dirijiu-se ao hospital e prometeu pagar o resto quando fosse possível. O hospital não aceitou a sua proposta e disse-lhe que desistisse do filho, levando-o a agir de tal forma.




Fundamentação Teórica:

Kohlberg apresentava aos sujeitos da investigação uma sequência de histórias ou dilemas morais hipotéticos destinados a colocar o indivíduo diante de um conflito entre a conformidade habitual a regras ou à autoridade em oposição a uma resposta utilitária ou de bem maior. Os dilemas apresentam conflitos entre padrões simultaneamente aceites por grande parte da comunidade.
Observe-se que um dilema difere das histórias que se contam as crianças, onde: o bem e o mal se contrapõem, o bom sempre aparece como vencedor, onde a criança recebe a resposta pronta do adulto ou o adulto apresenta a solução correcta. Utilizando o método clínico, como Piaget, o investigador apresentava a cada sujeito um dilema de cada vez, solicitando-lhe que o julgasse e apresentasse justificações para as escolhas ou soluções.
Com base nestas questões/dilemas,  como por exemplo o filme de Nick Cassavetes, “John Q”, Kohlberg propôs uma teoria segundo a qual o desenvolvimento moral se processa a partir de uma sequência invariante de três níveis de raciocínio moral, cada um deles subdivididos em dois estádios, perfazendo um total de seis estádios. Saliente-se que cada nível ou estádio representa uma forma de raciocínio moral, mais do que uma decisão moral concreta.


Nível
Estádio

Caracterização da orientação social
Pré-convencional
(baseado em punições e recompensas)
1
obediência e punição
(obediência a regras para evitar a punição)
• Ponto de vista egocêntrico. • “Não-eu”: não distingue entre o seu eu e o ambiente. • Não reconhece que os outros tenham interesses próprios.
2
individualismo, instrumentalismo e troca (Obediência a certas recompensas para os favores serem devolvidos)
• “Eu”: as minhas necessidades, o meu ego. • Satisfazemos as nossas necessidades. • Os outros que façam o mesmo. • Distingue os seus interesses dos outros.
Convencional (baseado na conformidade social)
3
moralidade do “bom rapaz / linda menina”
(conformidade para evitar desaprovação ou não gosto por parte das outras pessoas)
• Orientação para a integração e para agradar aos outros. • Conformidade com os estereótipos sociais.
4
lei e ordem – moralidade da manutenção da autoridade
(conformidade para evitar censura por autoridades legítimas, com a culpa resultante)
• Orientação para o respeito da ordem e da autoridade e para o que a sociedade espera de nós.
Pós-convencional
(baseado em princípios morais)
5
contrato social - moralidade de contrato, direitos individuais e lei aceite democraticamente
(respeitar leis da terra ou bem-estar comunitário)
• Compreensão da reciprocidade. • Respeito pelos contratos entre pessoas e entre instituições. • Interesse genuíno pelo bem estar dos outros e pelo bem colectivo. • Consciência do maior bem para o maior número (colectividade, democracia).
6
consciência de princípios - moralidade dos princípios individuais da consciência (respeitar princípios éticos universais)
• Princípios éticos eternos e universais. • Justiça, dignidade humana. • Os princípios universais estão acima da lei.




quinta-feira, 24 de maio de 2012

O menino maratonista

Técnico acusado de torturar menino maratonista é morto na Índia


O controverso treinador de um menino indiano de 5 anos que corria maratonas para bater o recorde mundial foi encontrado morto, informou a polícia nesta segunda-feira (14).

Biranchi Das e o garoto Budhia Singh se tornaram celebridades em 2006, quando Budhia entrou para a versão indiana do Guinness, o Livro dos Recordes, depois de correr 65 km sem descansar, em sete horas e dois minutos - o precurso de uma maratona tem pouco mais de 42 km. Na ocasião, seu técnico era Biranchi Das.

Em agosto do ano passado, o técnico foi processado e preso por tortura após a mãe do menino dizer que encontrou marcas em seu corpo.


O chefe de polícia Amitabh Thakur disse que o treinador foi morto a tiros por um homem em uma moto na noite do domingo, quando saía de seu centro de treinamento na cidade de Bhubaneshwar. Thakur disse que é pouco provável que o ataque tenha algo a ver com o garoto e que Biranchi Das deve ter se envolvido em uma disputa com criminosos locais.

O caso de tortura não chegou a ser julgado, um processo que pode demorar anos na Índia, e o treinador foi liberado da prisão após pagar fiança. Na época, ele havia negado todas as acusações e dito que havia tirado o menino de uma favela após sua mãe tentar vendê-lo por US$ 15.

Ao falar com os repórteres, o garoto chorou e se recusou a comentar as acusações de tortura, dizendo que as pessoas deveriam esquecê-las. Ele disse que Biranchi Das era como um pai para ele e que sentiria sua falta para sempre.



 Opiniões do grupo:

  Gabriel 

  É interessante este caso do menino maratonista para correlacionar com os períodos críticos de desenvolvimento e também com a validade e importância ou não da prática precoce de desporto.
  Considero fundamental que as crianças sejam estimuladas desde sempre (desde o inicio da gravidez); contudo de uma forma regular e respeitando a sequência normal de desenvolvimento psicomotor e também as especificidades de cada um. É sabido que as crianças são mais "plásticas" durante a infância pois se repararmos é nesta fase que aprendem a maioria das coisas que distingue o ser humano dos outros seres vivos. A plasticidade das redes neurais do cérebro fornece à criança enormes potencialidades para serem estimuladas pelo meio envolvente; assume, portanto, grande importância nos primeiros anos de vida o papel dos pais (neste caso, o do pai adotivo do Budhia). Brianchi Das quis desenvolver ao máximo as potencialidades do seu menino sem ter grandes preocupações com a sequência normal de desenvolvimento das crianças; as suas intenções eram levá-lo aos Jogos Olímpicos e para isso pensava ser fundamental a prática incessante de corrida. Isto gerou, como seria de esperar, grande controvérsia  ... mas se pensarmos bem o caso não é único ... aliás muito pelo contrário, temos os exemplos dos ginastas, das bailarinas dos nadadores que começam a treinar muito mas mesmo muito cedo.
  Eu acho que o que está aqui em causa é o doseamento da atividade e a "especialização precoce demasiado precoce"; quero com isto dizer que se realmente o menino tem potencialidades fora do normal estas devem ser estimuladas mas numa sequência progressiva e respeitando as limitações físicas do rapaz e também considero fundamental que ele não seja só treinado na corrida pois ele deve experimentar novas coisas, novos estímulos, novos desportos em regime de lazer. Poderia, portanto, treinar mais a corrida do que os outros desportos mas sempre numa perspetiva de lazer e não de competição.
Mas será que este treinador tinha hipóteses de fazer isso ao rapaz? ... Quase de certeza que não.
  É lógico que o caso é muito mais complexo e tem aqui outros jogos de interesse envolvidos; mas numa contextualização geral é esta a minha opinião.

Vejamos isto noutra perspetiva agora com o video seguinte... Obriga a refletir




 Relacionando com a teoria de desenvolvimento moral de Kholberg é interessante a resposta do rapaz ao entrevistador: "Quero ser o melhor maratonista do mundo e orgulhar o meu país" e também "Quero fazer com que o meu treinador seja reconhecido mundialmente".Isto se enquadrarmos no estádio dois do  nível pré-convencional percebe-se que a criança pensa que se treinar é benéfico para ela porque vai ser reconhecida mundialmente e isso vai fazer com que as pessoas a idolatrem; o mesmo se aplica ao seu treinador que se se tornar  famoso, a criança sabe que também o vai ser pois esse é o seu treinador; ou seja : o que é benéfico para ela também o é para o seu povo e para o seu treinador.Há uma orientação marcadamente egoísta, mas fortemente relacionado com um sentido de reciprocidade pragmática.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Piaget - Teoria de Aprendizagem

Hugo


                  Piaget abordou o desenvolvimento da inteligência através do processo de maturação biológica. Para ele, há duas formas de aprendizagem. A primeira, mais ampla, equivale ao próprio desenvolvimento da inteligência. Este desenvolvimento é um processo espontâneo e contínuo que inclui maturação, experiência, transmissão social e desenvolvimento do equilíbrio. A segunda forma de aprendizagem é limitada à aquisição de novas respostas a situações específicas ou à aquisição de novas estruturas para algumas operações mentais específicas.
                   O processo de aprendizagem envolve a assimilação e a acomodação. Na medida em que participamos ativamente dos acontecimentos, assimilamos mentalmente as informações sobre o ambiente físico e social e transformamos o conhecimento adquirido em formas de agir sobre o meio.O conhecimento assimilado para a constituir a bagagem de experiências que nos permite enfrentar as novas situações, assimilar outras experiências e formular novas idéias e conceitos. As novas aprendizagens baseiam-se nas anteriores assim, a inteligência humana desenvolve-se: aprendizagens simples servem de base a outras aprendizagens mais complexas.
                   Quando transformamos o conhecimento assimilado em uma nova forma de ação, realizamos uma acomodação entre o nosso organismo nos aspectos físico e mental e o ambiente no qual vivemos.
                     Através de assimilações e acomodações constantes e contínuas, cada indivíduo organiza sua noção da realidade, seu próprio conhecimento.
                   No processo de desenvolvimento, tal como é visto por Piaget, cada criança se desenvolve através de estágios. O autor distingue três estágios fundamentais:

                     Sensorimotor – que vai do nascimento aos 2 anos de idade. Neste estágio a criança evolui de uma situação puramente reflexa até a diferenciação do mundo exterior em relação a si própria.
                    Operações concretas – estende-se dos 2 aos 11 anos de idade e subdivide-se em pensamento pré-operacional (de 2 a 7 anos) e pensamento operacional concreto. Consiste na preparação e na realização das operações concretas em classes, relações e números.
               Operações formais – de 11/12 até 14/15 anos. Período no qual o adolescente ajusta-se à realidade completa de sua atualidade, mas também é capaz de lidar com o mundo das possibilidades.

               Os períodos ou estágios preconizados por Piaget não constituem divisões arbitrárias do processo evolutivo. Cada um deles se reveste de características mínimas que o define.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Hereditariedade e Hereditabilidade

Opiniões do grupo:
 
Gabriel

  Porque se parecem os membros da mesma família? Evidentemente, é porque possuem em comum dados primitivos que provêm de um mesmo potencial genético.
  Poderemos afirmar como os geneticistas do comportamento, que as tendências pessoais: altruísmo, agressividade, atitude sociais e políticas... estão essencialmente em relação com os factores genéticos? podemos duvidar das suas conclusões, visto que os seus trabalhos se baseiam em populações que vivem em meios com referências semelhantes. Os próprios pesquisadores reconhecem que quanto mais homogéneo é o ambiente, mais os fatores genéticos da conduta são postos em evidência.
   Também é certo que as tendências pessoais, bem como as estruturas somáticas são, em grande parte, determinadas pelos fatores genéticos: é a noção de hereditariedade.
    Em que medida podemos afirmar, da mesma forma, que a inteligência depende de 80% dos dados herdados e que o ambiente é apenas um revelador? É a noção de hereditabilidade sustentada pelos inatistas.
    Para os ambientalistas, não se pode confundir hereditariedade e hereditabilidade.Eles fornecem como prova que, quanto mais nova é a criança, mais sensível ela é à influência do meio. 


  
Uma experiência sobre a contribuição do meio

Num estudo realizado em 1965, o americano Skeels relata o desenvolvimento de dois grupos de crianças:

-13 crianças de menos de 3 anos (média: 19,4 meses), com um quociente de desenvolvimento de 0,64 são confiadas a rapariguinhas espertas e mais velhas;

-12 crianças da mesma idade,vivendo na mesma instituição e tendo um Q.D  de 0,88 são deixadas com os outros pequeninos.

    Após dois anos, o primeiro grupo ganha 27,5 de Q.D., o segundo grupo perde 16,1.
    24 das mesmas crianças foram seguidas durante vinte e um anos. As do primeiro grupo foram colocadas em famílias adotivas,as crianças do segundo permaneceram na instituição.
    Na idade adulta, constatou-se que os sujeitos que haviam seguido estudos secundários e superiores eram todos independentes profissionalmente.No segundo grupo, 50% não tinham profissão.


  Defendo também uma perspetiva ambientalista que considera o meio como fator essencial ao desenvolvimento do ser humano. Os fatores genéticos e o meio interagem no sentido da construção do EU do sujeito.Contudo, eu considero o meio mais importante neste processo, desde que não hajam fatores genéticos limitativos da aprendizagem ( por exemplo atrasos mentais). O meio envolvente é essencial, principalmente nos chamados períodos críticos.
Para mim a criança inicia a construção de si mesma através da experiência com o mundo que a envolve.Esta experiência global, que exprime a tendência da criança em atualizar as suas possibilidades acompanha-se de um contínuo processo de auto-avaliação.Como a interações se desenvolvem e se organizam em atividades cada vez mais combinadas , a consciência de existir amplia-se, conduz à noção do EU enquanto objeto da percepção e da experiência.


 
Hugo


"MgGue e Lykken (1992), em outro exemplo curioso, verificaram que, se você tem um gêmeo idêntico que se divorcia, suas chances de se divorciar são seis vezes maiores do que seriam se seu irmão, por exemplo, não tivesse passado pela experiência do divorciar-se. Bem, se você tem um irmão gêmeo fraterno (não idêntico) divorciado suas chances caem para apenas duas vezes mais. A idade dos sujeitos variava entre 34 a 53 anos.

Em um artigo consistente sobre este tema, Jockin, Mcgue & Likken (1996, p. 296) concluiram que a personalidade prediz o risco do divórcio e, mais específicamente, “ isso ocorre em grande parte por causa da genética mais do que pelas influências do meio de que eles compartilham”. "


Na minha opinião, esta afirmação nao se pode basear na genética, pois não  haverá provas que exista um gene que condionará a decisão de divórcio ou não. Além de os gémeos terem genes idênticos, a sua experiência vai ter um certo papel na sua personalidade e decisões. Evidentemente, a sua génetica traçará caracteristicas muito semelhantes, mas nunca idênticas, até porque tem tendencia a diferenciarem um pelo outro pela sua convivência. A questão mais dificil de abordar, para mim, é no caso de eles serem separados, e educados em ambiente completamente diferentes. No ponto de vista, eles iam se diferenciar bastante, pelas suas experiencias vividas. Mas, pode não ser bem assim, como defende o blog que passo a referir. Torna-se dificil comentar quando opinões se diferem tão abundantemente.

http://cienciaemente.blogspot.pt/2008/07/gmeos-idnticos.html

                                             

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Importância da organização neurobiológica do ser humano para a sua relação com o mundo

Opiniões do grupo:


Gabriel


  O desenvolvimento neurobiológico é programado geneticamente: multiplicação das células nervosas,que prossegue ainda nos primeiros meses de vida, multiplicação das sinapses até por volta dos 5 anos e mielinização que permite o isolamento e a fixação dos trajectos nervosos.
  A organização neurobiológica é influenciada pela experiência pessoal, isto é, pela organização dos dados provindos das interacções e das inter-relações assumidas e vividas pelas crianças.
  O sujeito deve, portanto, ser compreendido em relação permanente com o mundo que o cerca graças às diferentes funções que constituem redes de comunicação abertas para o mundo, sendo os diferentes sistemas diferenciados durante o desenvolvimento a partir da sua dupla história: genética pessoal. Em linguagem existencial: o ser no mundo é um conjunto de redes de comunicações, integrado e vivo no seio de outros conjuntos,mas identificável enquanto pólo de certas interacções específicas.