terça-feira, 1 de maio de 2012

Genie não é a única - Outros casos de crianças selvagens

AS CRIANÇAS SELVAGENS

Lucien Malson, na década de 60 do século XX, no livro As Crianças Selvagens, desenvolve um conjunto de considerações sobre 52 crianças selvagens que ele recenseou. Divide-as em três tipos: as crianças solitárias, as crianças educadas por animais, como, por exemplo, lobos, ursos, leopardos, e as crianças reclusas, isto é, as que cresceram afastadas de todo o contato social, geralmente sequestradas por pais mentalmente perturbados ou abusivos. Apresentamos aqui breves notas sobre os casos que acima referimos.

Victor de Averyron

Podendo ser enquadrado no tipo das crianças solitárias, Victor foi encontrado em 1799 por um grupo de caçadores na floresta de Laucane, em Aveyron, França. Era então uma criança nua, que se deslocava nos quatro membros. Não falava e farejava vigorosamente. Tendo sido diagnosticado como sofrendo de demência e idiotia de origem biológica, é internado no Instituto de Surdos-Mudos em Paris. Jean-Marc Itard, um jovem médico, propõe-se acolhê-lo dado que considera que o seu comportamento é efeito da ausência de qualquer contato social. Ao longo de 18 anos regista em relatórios pormenorizados a evolução do comportamento de Victor resultante do processo de educação que sistematicamente leva a cabo. O processo de educação de Victor consegui fazer com que este passasse a comer num prato, a usar uma colher, a dormir numa cama, a usar roupa e sapatos. Contudo, Victor só consegue produzir algumas palavras e resolver problemas muito elementares. Morre aos 40 anos. Na autópsia constata-se que não apresentava qualquer lesão cerebral.

Amala e Kamala

Em 1920 o reverendo Singh, chamada a uma aldeia, Midnapore, a sudoeste de Calcutá, descobre duas raparigas, Amala e Kamala, que dormiam, comiam e viviam com um grupo de lobos. A masi velha, Kamala, teria cerca de 8 anos enquanto Amala teria apenas aproximadamente um ano e meio. Os registos sobre o caso são sobretudo os realizados pelo casal Singh que as acolheu. Andavam, tal como Victor, apoiadas nos pés e nas mãos, comiam carne crua, alimentavam-se acocoradas, uivavam como os lobos e eram particularmente ativas durante a noite. Não tinham senso de humor, não exprimiam tristeza nem mostrava curiosidade. Não revelavam um sentido de ligação afetiva a outros seres humanos. Integrados na sociedade humana, apoiadas pelo casa Singh, só adotaram a posição ereta seis anos depois. Kamala chora pela primeira vez quando a irmã morre. Progressivamente recorre a gestos e a algumas palavras elementares para comunicar com as outras pessoas. Contudo, não tomava qualquer iniciativa para contactar com os outros mostrando-se indiferente se não fosse solicitada pelas pessoas.


Isabel

A sua existência foi revelada ao público por um grupo de jornalistas que andavam a investigar o caso, em 1980. Isabel foi encontrada, quando tinha oito anos, a vivier num galinheiro. Segundo os registos da instituição onde passou muitos anos desde então, Isabel não falavam tinha problemas de controlo emocional e de agressividade, mordia-se a si própria, não conseguia andar sem ajuda e era incapaz de se concentrar em qualquer tarefa. Isabel não reagia à presença da mãe. Não exibia perante ela comportamentos nem de aproximação nem de rejeição.

A mãe de Isabel, Idalina, apresentava uma clara debilidade mental, demonstrando fracas capacidades parra compreender o que se passava à sua volta e ainda poucas habilidades sociais e emocionais.

Em 1998, e de acordo com uma notícia então publicada no Diário de Notíias, Isabel não crescera muito, já conseguia andar sem ajuda em superfícies que não fossem muito irregulares, tinha bastante mais controlo sobre a sua atenção e emoções, já conseguia estar em grupo, mostrando-se com iniciativa e participando, aprendeu a interpretar as expressões faciais emocionais de outras pessoas, tem ela própria expressões faciais compreensíveis e comunica com algumas palavras, respondendo ainda a algumas frases simples. É-lhe difícil adaptar-se a coisas novas, gosta de ver televisão e tem fascínio pelo tiquetaque dos relógios.

Autor: Gabriel Silva

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